domingo, 16 de setembro de 2007

Second Life: Far Far Away

Quando a esta foto de Jonsy Lilliehook de cabeça para baixo (em cima) vou deixar a interpretação ao sabor da imaginação de cada um.
Em baixo, um dos meus lugares favoritos em SL: a ilha Far Far Away. Que é onde vou estar nas próximas semanas em RL: primeiro em Évora, a participar no Curso de Novo Circo, na Universidade de Évora (no âmbito do programa do festival Escrita na Paisagem 2007) e depois outros destinos que me vão manter em contacto com mundos virtuais e de imaginação apenas via a minha própria imaginação. Enquanto isso, aqui ficam algumas imagens desse lugar encantado que é: Far Far Away.



sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Fórum Cultural - 3) a importância da significação

A 26 e 27 de Setembro, realiza-se em Lisboa, no CCB, o Fórum Cultural para a Europa. É um acontecimento muito importante para a discussão e compreensão das linhas orientadoras do posicionamento da Europa no que diz respeito à cultura.

Até lá, para preparar o espírito para o tema, partilho alguns textos que provocam a reflexão. Não significa que concorde com o que todos eles defendem, mas são pertinentes estimulantes para pensar a discussão que ali vai ocorrer. Porque a informação é tanta, esquecemos muitas vezes o que aprendemos no passado. E, em alguns casos, há textos que foram lidos há anos e que vale a pena reler.

Apenas uma breve citação de «Livro do Desassossego» de Bernardo Soares:

«Os homens de acção são os escravos involuntários dos homens de entendimento. As coisas não valem senão na interpretação delas. Uns, pois, criam coisas para que os outros, transmudando-as em significação, as tornem vidas. Narrar é criar, pois viver é apenas ser vivido.»

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

«Putas» está de volta


Surgiu pela primeira vez em 2002. Chama-se «Putas». Apenas assim. Um livro que surgiu pela primeira vez por alturas do Natal, numa edição da Quasi e consta de um conjunto de textos representativos do «novo conto português e brasileiro».

Onze contos portugueses (de Ana Paula Inácio, Claudia Galhós, Filipa Melo, Francisco Duarte Mangas, João Paulo Sousa, Jorge Reis-Sá, Mafalda Ivo Cruz, Manuel Jorge Marmelo, Maria do Rosário Pedreira, Possidónio Cachapa e Rui Zink) e dez brasileiros (Cintia Moscovich, Clarah Averbuck, Fernanda Benevides de Carvalho, Ivana Arruda Leite, Luiz Ruffato, Marcelino Freire, Marcelo Mirisola, Nelson de Oliveira, Nilo de Oliveira, Wilson Freire), com abordagens totalmente distintas e pessoais, ao desafio proposto pela editora de escrever a partir desse imaginário tão íntimo que é tudo o que pode caber na palavra «putas».

Há muitas histórias aqui que merecem ser descobertas e lidas. Cada um terá o seu conjunto de preferidos. Eu tenho o meu. São vários. Alguns portugueses e outros brasileiros. Entre eles está o meu. Devo confessar.

Utilizando o lado mais pessoal dos blogs, e não querendo cair nessa ladainha cansativa do umbigo, gostava apenas de partilhar que este é talvez o texto, dos meus textos curtos (e tenho muitos), que mais gosto. Chamei-lhe «O Corpo Trágico» e ainda hoje esta personagem me comove sempre que regresso a ela, nem que seja apenas por um breve instante de memória.

Partilho a alegria de saber que o livro vai ser relançado, com nova capa (que publico aqui). E deixo um pequeno excerto desta mulher que se esconde quando se esquece do corpo que tem.

«Gosto de inventar estados mentais. Uma vez criados, instalo-me neles e recuso-me a abandoná-los. Habito um corpo usado e abusado. Recorro frequentemente ao esquecimento para apagar a memória desse uso indevido do corpo. Tenho momentos de prazer. Por vezes fujo da desolação ao entregar-me a um suspiro de delícia. Recordo-me de alguns desses instantes. A recordação surge em mim acompanhada de um sorriso. Mas são raros.»

Agrada-me particularmente pensar que este pode ser um maravilhoso livro de Natal. Para não sermos todos tão hipocritamente politicamente correctos e porque há aqui textos que são mesmo bons.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Música no mundo virtual

O mundo cada vez menos é vivido na esfera do universo do país que cada um habita. Todo estamos em constante trânsito, sempre em movimento, sempre em passagem de um lugar a outro. O ser humano vive, em si, a condição do Não Lugar, que Marc Augé definiu (enquadrando nesta categoria lugares de passagem, como os aeroportos ou as autoestradas). O Second Life apenas veio tornar isso ainda mais evidente.

A mistura de pessoas, de origens completamente distintas, que se encontram para trocar experiências é muito rica. O inglês, intuitivamente, acaba por ser a língua mais falada, mas há muitos portugueses, e encontram-se nos ambientes menos esperados. Os encontros e as partilhas fazem-se, ironicamente, a partir de casa, da intimidade, para um estar com o outro, antes tão distante, nesse espaço intermédio, que se concretiza visualmente através de novas formas de corporização, que é o mundo do SL.

Um dos grupos de discussão debate a música, nomeadamente formas de implementar música e som no mundo virtual. Há um blog que vale a pena visitar. E, sim, já me têm perguntado quando começo a fazer posts em inglês... Estou a pensar no assunto. Entretanto, entrem no mundo de Dizzy Banjo.

Outro a não perder é Metaversed. Questões sobre o desenvolvimento e pesquisa nos mundos virtuais, entre outras, são aqui tratadas.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Fórum Cultural - 2) A crise de valores

A 26 e 27 de Setembro, realiza-se em Lisboa, no CCB, o Fórum Cultural para a Europa. É um acontecimento muito importante para a discussão e compreensão das linhas orientadoras do posicionamento da Europa no que diz respeito à cultura.

Até lá, para preparar o espírito para o tema, partilho alguns textos que provocam a reflexão. Não significa que concorde com o que todos eles defendem, mas são pertinentes estimulantes para pensar a discussão que ali vai ocorrer. Porque a informação é tanta, esquecemos muitas vezes o que aprendemos no passado. E, em alguns casos, há textos que foram lidos há anos e que vale a pena reler.

Na conferência «Que Valores para este Tempo?», organizada pela Gulbenkian, nos dias 25, 26 e 27 de Outubro de 2007, Eduardo Lourenço foi um dos intervenientes com um texto a que deu o título de «À Sombra de Nietsche», no qual, às tantas, escreve: «O que é valioso, se de arte se trata, é sem valor, ou o valor não se lhe pode aplicar. Fica de fora, o valor. Não permite que a seu propósito possamos separar neles a realidade e a aparência, como o fazemos com a Realidade-Verdade do Ser.»

É dessa «crise de valores» que qualificia «a pior» porque é aquela que «não se vê» ou que «se vê e nos deixa indiferentes» que Eduardo Lourenço fala. Fica um excerto:

«E essa é a crise. É que nós não temos critério para distinguir o que é verdadeiramente valor do que não é. E esta é a crise, que não é uma crise por acaso, não é uma crise da cultura nem da civilização, mas é uma crise do senso, daquilo que nós somos como seres que pensam, sofrem, morrem sem saber se morrem, pensam e sentem e isso tem um sentido, ou não; a nós cabe decidir, é um problema de aposta, uma ouotra espécie de aposta pascaliana, aposta que nos faz viver ou morrer, somos nós, não os pais dos valores, mas os criadores dos valores ou, por não os sermos capazes de os criar, as suas vítimas.» (in «Que Valores para este Tempo?», Gradiva e Fundação Calouste Gulbenkian)

domingo, 9 de setembro de 2007

Second Life visto pelos media portugueses

A análise é de Palup (ou Paulo Frias, na RL, Professor Universitário e Investigador em Ciências da Comunicação da Universidade do Porto), que no seu blog, Discursos do Outro Mundo, dedicado à SL, apresenta os números do tratamento mediático dedicado a este mundo novo.

Para além dos números (extraídos de um levantamento de uma moldura temporal de 1 de Janeiro a 31 de Julho de 2007), partilha algumas das suas leituras desses mesmos números, que traduzem também a experiência de quem habita aquele espaço e ali pesquisa novas possibilidades de organizar os sentidos da vida, ampliada, complexa, com novas ferramentas e tecnologias.

Uma das conclusões é que a cobertura é feita sem conhecimento do ambiente do SL. Ao que acrescentava a minha impressão pessoal decorrente da leitura de alguns textos publicados sobre o assunto (principalmente de artigos que traduzem uma espreitadela rápida ao SL, sem uma familiariedade mais desenvolvida co aquela realidade, virtual...): a constatação da reprodução de um discurso que repete ideias pré-concebidas que ali são meramente confirmadas porque partem de um olhar que já vai à procura de as encontrar. Porque há mais para além do sexo, dos chats e da mera reprodução do real em imaginário virtual.

No artigo, Palup partilha o score de temas encontrados. É curioso descobrir o posicionamento interessante que ocupou o lançamento do meu livro, «O Tempo das Cerejas», na ilha virtual de Bora Bora, que na verdade se constituiu de um agradável momento de encontro e partilha, quando hoje se percebe que o potencial de interacção com aquele mundo é muito mais amplo - e já estou a tratar do assunto (embora aqui apenas dê conta da minha condição mais pessoal e íntima de relação com o SL, de viajante de lugares e pessoas, há muito mais a explorar, e claro que nem tudo é interessante).

O SL é apenas um começo. Quem estiver desatento, perde o combóio. E a discussão está apenas no início. O blog Discursos do Outro Mundo é um dos lugares onde é feito um acompanhamento detalhado, informado, crítico e criativo sobre o Second Life. Para ler mais, só tem de lá dar um saltinho. É aqui.

Concerto na Second Life





Gavin Klees, músico brasileiro, deu um concerto na ilha Portucalis, na Second Life. Ambiente intimista, acústico, apenas com voz e guitarra e a atmosfera agradável dos cantautores brasileiros, entre eles Tom Jobim.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Intermitentes em discussão

Segunda-feira, dia 10, às 18h00, no Maxime (Praça da Alegria), em Lisboa, a Plataforma dos Intermitentes (constituída pelas organizações AIP- Associação de Imagem Portuguesa, Associação Novo Circo, ARA – Associação de Assistentes de Realização e Anotação, ATSP – Associação dos Técnicos de Som Profissional, Granular - Associação de Música Contemporânea, PLATEIA - Associação de Profissionais das Artes Cénicas, REDE - Associação de Estruturas para a Dança Contemporânea, RAMPA, Sindicato dos Músicos, SINTTAV- Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual, STE - Sindicato das Artes do Espectáculo) vai discutir a proposta de lei do PS relativamente à questão da intermitência. Em comunicado, esta estrutura defende que a lei, a ser aprovada, «DETURPA todas as nossas propostas e não apresenta nenhuma medida para ajustar a segurança social à nossa realidade laboral».

Dizem ainda que, «após um ano de discussões, propostas e acções da Plataforma dos Intermitentes, o governo pretende arrumar o assunto de forma escandalosa : com piores condições de trabalho para os profissionais do espectáculo inseridos numa estrutura fixa e ignorando novamente a condição do intermitente». A estrutura convida todos os interessados a estarem presentes no encontro para discutir este assunto.

O programa de trabalhos é o seguinte:
18h-18h15 apresentação da proposta do governo
18h15-19h45 debate
19h45-20h15 resoluções

Para qualquer esclarecimento, devem contactar a Plataforma dos Intermitentes por mail: intermitentes@gmail.com

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Para que serve um Blog?

Resisti durante alguns anos. Quando me perguntavam por que não tinha eu um blog, ainda mais tendo em conta a minha actividade de escritora, respondia que para diários já me bastavam aqueles que escrevia, desde miúda, em cadernos de folhas leves e a caneta. Sempre achei que temos de salvaguardar algo de nós que não seja partilhado, tornado público, mesmo que apenas por via deste espaço quase íntimo da blogosfera. Acho que o mundo precisa que algo fique silenciado ou apenas partilhado, como segredos, a umas páginas mudas, que guardam essas confissões no espaço do não dito.
Ao terceiro romance (quarto livro) lá me convenceram. Achei que estava na hora. E uma grande amiga (obrigada Inês) fez-me o blog, que eu continuei a olhar com desconfiança.
Era o tempo que não tinha e que me ia obrigar a perder para o manter dinâmico (descobri que bastam 5 minutos por dia e isto parece que está vivo), era o receio de cair na lógica da auto-promoção (espero conseguir resistir-lhe, embora este seja um espaço pessoal, por mais informativo que possa tender a ser, é um espaço pessoal, legitimado apenas por mim própria), receava que não ficasse nada por dizer e que caísse na pretensão de que todo e qualquer pensamento tem de ser lançado ao mundo através do blog (não acontece, espero, continuo com os meus diários de papel, que contém muito de mim, que nem por sonhos passa para o blog) e receava contribuir para este mundo de ruídos, onde cada vez há menos generosidade para escutar a voz do outro e cada vez há mais disponibilidade apenas para escutar a própria voz (quanto a este ainda não sei, mas quero acreditar que não...)
Tinha ainda receio de escrever para o vazio. Mas é interessante como um blog, mesmo que discreto e querendo manter essa discrição, cria diálogos e estabelece relações que chegam por vias não directas e que são muitíssimo estimulantes. Por isso, parecendo um monólogo, ele está em diálogo sempre com alguém, esse feedback, que surge por outros meios que não por este espaço, é muito interessante. Mas continuo a pensar para que serve um blog.
Acho que deverá haver uma resposta diferente para cada pessoa. Por mim, reconciliei-me. O blog aproximou-me de pessoas que estavam distantes e de pessoas que não conhecia. E aproximou-me, de maneira diferente dos diários, de mim própria e do meu mundo. E continuo a guardar segredos que escrevo à mão em cadernos de papel que vou acumulando em baús, e que são preciosos no meu diálogo comigo própria e, nesse diálogo interior, com o mundo.
Não me preocupa que nunca sejam lidos, mesmo depois de tudo o que sou hoje desaparecer, porque a força das palavras que ali escrevo estão já lançadas ao vento e mergulhadas nos livros de areia, que é o mais precioso que temos, a respiração sincera, o pulsar do desassossego. Podem arder sem sequer ser espreitadas. Esse silêncio em que me desvendo naquelas páginas, é o que tenho de mais próximo das muitas pessoas que sou. E já é. É o valor que as coisas têm por si próprias. Tão diferente do valor que as coisas tendem a ter hoje pela aparência do valor que alguns nos querem convencer que têm.

domingo, 2 de setembro de 2007

Fórum Cultural - 1) A estupidez neurótica

A 26 e 27 de Setembro realiza-se em Lisboa, no CCB, o Fórum Cultural para a Europa. É um acontecimento muito importante para a discussão e compreensão das linhas orientadoras do posicionamento da Europa no que diz respeito à cultura.

Até lá, para preparar o espírito para o tema, partilho alguns textos que provocam a reflexão. Não significa que concorde com o que todos eles defendem, mas são pertinentes estimulantes para pensar a discussão que ali vai ocorrer. Porque a informação é tanta, esquecemos muitas vezes o que aprendemos no passado. E, em alguns casos, há textos que foram lidos há anos e que vale a pena reler.

Um dos temas centrais do debate, incluído num dos três workshops, é o das Indústrias da Cultura. Começo por aí. Começo pela «estupidez neurótica» e a «regressão da audição» segundo Theodor W. Adorno, no texto «Sobre o carácter fetichista na música e a regressão da audição», incluído no livro «Sobre a Indústria da Cultura» (na versão portuguesa da Angelus Novus).

Fica um excerto:

«Em contraponto ao fetichismo da música consuma-se uma regressão da audição. Com isto não se pretende significar um regresso do auditor isolado a uma fase anterior do seu desenvolvimento pessoal, nem também um abaixamento do nível colectivo, pois que hoje a comunicação de massas atinge musicalmente, pela primeira vez, milhões de auditores que não se podem comparar com as audiências do passado. O que regride é, sim, a audição contemporânea, retida na sua fase infantil. Os sujeitos que escutam música não só perdem, com a liberdade de escolha e a responsabilidade, a capacidade de conhecerem conscientemente a música, coisa que desde sempre foi apanágio de grupos restritos, mas sobretudo recusam obstinada e liminarmente a possibilidade desse conhecimento. Flutuam entre um esquecimento generalizado e súbitos mergulhos no reconhecimento; ouvem de forma atomística e dissociam o que ouvem, embora com a dissociação desenvolvam certas capacidades, cuja apreensão é mais adequada aos conceitos do futebol e da condução de automóveis do que aos conceitos estéticos tradicionais. Não são crianças, como por exemplo esperaria uma concepção que assimilasse o novo tipo de auditores à introdução na vida musical de camadas sociais anteriormente estranhas à música. São, sim, acriançados: o seu primitivismo não é o dos não desenvolvidos, mas o dos que foram forçados a uma regressão. Manifestam, quando a oportunidade lhes é dada, o ódio contido de quem realmente pressente o outro, mas o rejeita, para poder viver em paz, e que, por isso, preferiria erradicar de vez a impertinente possibilidade. É esta possibilidade presente, ou melhor, mais concretamente, a possibilidade de outra música, de uma música oposicional, aquilo de que se regride. Mas regressivo é também o papel que a música de massas contemporânea desempenha no lar psicológico das suas vítimas. Não são apenas afastados de músicas mais importantes, são, sim, confirmados na sua estupidez neurótica, independentemente da forma como as suas capacidades musicais se comportam relativamente à cultura musical específica das anteriores fases sociais. A identificação com as canções da moda e os bens culturais vulgarizados acusa a mesma síndrome que aquelas faces das quais já não se sabe se o filme se alienou da realidade ou se foi a realidade que se alienou do filme: escancaram a boca informe com dentes brilhantes num voraz sorriso, enquanto lá em cima os olhos cansados vagueiam tristes e aturdidos.»

sábado, 1 de setembro de 2007

O que fazer na Second Life

Conversar no topo de uma montanha de gelo...

Visitar jardins encantados e olhar o lago sentada num balão de ar flutuante...

Ver o pôr do sol com um amigo...

Is ao Centro de Emprego (na ilha Portugal Lisboa)

Andar de balão...


Voar sobre paisagens encantadas...

Dançar...

Ir ao fundo do mar...