segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Fórum Cultural - 2) A crise de valores

A 26 e 27 de Setembro, realiza-se em Lisboa, no CCB, o Fórum Cultural para a Europa. É um acontecimento muito importante para a discussão e compreensão das linhas orientadoras do posicionamento da Europa no que diz respeito à cultura.

Até lá, para preparar o espírito para o tema, partilho alguns textos que provocam a reflexão. Não significa que concorde com o que todos eles defendem, mas são pertinentes estimulantes para pensar a discussão que ali vai ocorrer. Porque a informação é tanta, esquecemos muitas vezes o que aprendemos no passado. E, em alguns casos, há textos que foram lidos há anos e que vale a pena reler.

Na conferência «Que Valores para este Tempo?», organizada pela Gulbenkian, nos dias 25, 26 e 27 de Outubro de 2007, Eduardo Lourenço foi um dos intervenientes com um texto a que deu o título de «À Sombra de Nietsche», no qual, às tantas, escreve: «O que é valioso, se de arte se trata, é sem valor, ou o valor não se lhe pode aplicar. Fica de fora, o valor. Não permite que a seu propósito possamos separar neles a realidade e a aparência, como o fazemos com a Realidade-Verdade do Ser.»

É dessa «crise de valores» que qualificia «a pior» porque é aquela que «não se vê» ou que «se vê e nos deixa indiferentes» que Eduardo Lourenço fala. Fica um excerto:

«E essa é a crise. É que nós não temos critério para distinguir o que é verdadeiramente valor do que não é. E esta é a crise, que não é uma crise por acaso, não é uma crise da cultura nem da civilização, mas é uma crise do senso, daquilo que nós somos como seres que pensam, sofrem, morrem sem saber se morrem, pensam e sentem e isso tem um sentido, ou não; a nós cabe decidir, é um problema de aposta, uma ouotra espécie de aposta pascaliana, aposta que nos faz viver ou morrer, somos nós, não os pais dos valores, mas os criadores dos valores ou, por não os sermos capazes de os criar, as suas vítimas.» (in «Que Valores para este Tempo?», Gradiva e Fundação Calouste Gulbenkian)

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