sexta-feira, 30 de novembro de 2007

«O rio que é de tempo e água»

«Olhar o rio que é de tempo e água

E recordar que o tempo é outro rio,

Saber que nos perdemos como o rio

E que os rostos passam como a
água

(in «Arte poética» de Jorge Luís
Borges)
A cada novo dia, tantas descobertas novas, tantas possibilidades de começar novos caminhos, reencontrar outros já conhecidos. Esse rio de «tempo e água» que desliza, no qual nos perdemos, porque de tanto querer fazer, de tantas possibilidades maravilhosas à nossa volta, lá se vão os dias, rápidos, lá se vai o tempo, e «os rostos que passam como a água». Milhões de beijos às pessoas que amo e que sabem que temos de aproveitar as oportunidades que tempos e que o tempo não dá para tudo.

domingo, 25 de novembro de 2007

«As Musas» de Patrícia Portela

Sónia Baptista (à esquerda) e Patrícia Portela (à direita) no Colina 2004 (Collaboration in Arts, o projecto de Rui Horta, no Convento da Saudação, o Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo). Era o início do projecto «Parasitas» que as duas partilharam,

Ela cria objectos teatrais como quem escreve. É uma escritora. Não tenho dúvidas. Por isso, as obras a que dá corpo ao vivo, em espaços teatrais mais ou menos convencionais, têm uma dimensão literária. E às vezes têm mesmo texto que ela edita em livro. É assim no caso de «Odília - ou a história das musas confusas no cérebro de Patrícia Portela». Sei que acabou de estrear uma nova peça algures no mundo. E que vai andar com ela às voltas por palcos vários antes de chegar a Portugal. Mas, entretanto, temos aí este livro. A peça era para crianças. Mas, se conheço bem o universo dela, era para as crianças pequenas e para as crianças grandes. E, à falta desse encontro efémero por via do teatro, temos as páginas com as palavras e os desenhos. Onde, às tantas, ela explica o que são as «Musas», com o conselho de que «estas definições percebem-se melhor se se comer uma laranja enquanto se lê». E com uma laranja na mão, o cheiro ao campo em redor, cito um breve excerto deste texto:
«As musas nascem entre a cabeça, o coração e o dedo mindinho. São muito pequeninas, muito microscópicas, e quando olhamos muito atentamente para elas podemos ver que têm o formato de uma folha. Navegam de forma organizada e activa pelo cérebro, e pela espinha dorsal, e para comunicar entre si utilizam impulsos eléctricos e reacções químicas. Todas juntas, criam imagem atrás de imagem atrás de imagem atrás de imagem, estimulando as imagens seguintes, chegando aos 100 biliões de imagens por dia, cada uma.
São invisíveis a olho nu, mas quando chamadas por qualquer um de nós podem aparecer em sonhos, em conversas, em ideias, ou até projectadas noutros seres humanos.»
Na verdade, só precisamos de estar atentos. Ao que nos rodeia e aos outros. Sei que há pessoas para quem isto é pedir muito, porque estar atento aos outros, para essas, é apenas ampliar a grande atenção que dedicam a si próprias.
Eu, cá por mim, tenho andado por fora. Agora vou estar por cá, mas ainda assim vou andar por fora. Entre cá e lá... Com boas recordações. Encontrei muitas musas.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Em fuga...




Para o interior.
Setúbal 2007