domingo, 28 de outubro de 2007

Valter Hugo Mãe e o prémio Saramago

Há notícias que nos deixam com esperança no mundo. Como esta. Valter Hugo Mãe ter recebido o Prémio Saramago significa que ainda há esperança para a literatura, para que as coisas que realmente importam sejam valorizadas.
Não, não é um nome já premiado em todo o lado que ganha uma vez mais. Nem sequer um livro que todos (quem são todos? nesse universo tão restrito dos todos?) elogiaram. Ou sequer que todos se acostumaram a escutar como muito lido.
Certo, ele não é um nome propriamente desconhecido deste mundo, das coisas das escritas, das palavras e das moradas do silêncio... Ele anda por aí, pelas editoras, pelos jornais. Mas é um nome que tem feito um caminho na escrita de coração (muito distinto da «escrita do coração», que é de outra estirpe). Discreto. Convicto. Envolvido. Enredado. Guiado por essa relação com as letras que se faz de intimidade, no sentido de que tem uma voz, que é pessoal, e não se rende ao facilitismo.
Por isso sabe tão bem escutar o nome de Valter Hugo Mãe e o do livro «O Remorso de Baltazar Serapião» (publicado em 2006 pela QuidNovi e que devo confessar que não li) como tendo sido o vencedor. Com a vitória dele, ganha a literatura. Não essa de cordel, que não vem mal ao mundo que exista mas não se arrisca a transformar o mundo ou nem sequer uma pessoa, mas essa outra que se alimenta (e é alimentada) de quem a escreve, que se consome em palavras como cinzas do existir.

4 comentários:

eli disse...

olá. não sei se devo (pelo menos por aqui) dizer que me ofereceram o seu livro, estou a ler e a gostar muito.

o tempo das cerejas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
o tempo das cerejas disse...

eheh
enganei-me e apaguei o meu próprio comentário. Dizia eu que feedback é bom aqui e em qualquer lado, mas que realmente tenho recebido mais via mail. Espero então saber se a opinião se mantém no fim. E se não porquê. :)

valter hugo mãe disse...

cláudia, obrigado pelas tuas palavras. fico muito contente. é claro que estou muito contente. como havia dito na entrega, estava muito habituado a editar os meus livros e a não acontecer nada. agora aconteceu. e é bom saber que alguém, além de mim, fica contente com isso. beijinho e obrigado