quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Pensar o Teatro em Montemor-o-Velho


A noite sem fim da infância
Claudia Galhós

O espelho de Alice está partido. Desfeito em mil fragmentos. Como o teatro. Como os tempos actuais. Mas este espelho, ainda não desfeito em pó, permite passar para o outro lado, para o mundo do sonho, da fábula, onde o encantamento se impregna de sangue e ternura. É nesse mundo que se situam as obras de Angélica Liddell e é esse o lugar do teatro contemporâneo, pós-dramático... Instalados nesse outro lado do espelho de Angelica Liddell, partimos de uma canção dos Arcade Fire, para analisar o teatro actual e construir aquilo que quase poderia ser... uma espécie de manifesto.

«I know a time is coming
All words will lose their meaning
Please show me something that isn’t mine
- But mine is the only kind that I relate to.
Le miroir casse,
The mirror casts mon reflect partout.
Black Mirror, Black Mirror, Black Mirror
(...)
Mirror, mirror on the wall,
Show me where them bombs will fall.
Mirror, mirror on the wall,
Show me where them bombs will fall.
In «Black Mirror» de Arcade Fire

Uma das contradições do contemporâneo, no que diz respeito à arte, e no caso concreto considerado das artes performativas, é o lugar do espectador. Se, por um lado, continua a projectar a sua identidade na obra proposta – assume o seu olhar singular, subjectivo e deseja ver-se reflectido nela – por outro tem um papel interventivo, no sentido de que participa da construção dos sentidos da obra, porque se envolve num diálogo, numa interacção (mesmo que apenas ao nível símbólico e/ou emocional), com a voz do artista.


Ler a versão integral no blog do Citemor, para o qual este texto foi escrito, a propósito da crítica aos espectáculos de Angélica Liddell ali apresentados.

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